sexta-feira, 20 de setembro de 2019

km 0

Aqui se apresentaram 2 peregrinos com tal desígnio, chegar ao quilómetro 0.
Encartados com mapas Atmo- e Estrato-esféricos, não seria um (ex)Físico dos Materiais terrestres que os ousaria contrariar, tendo sido criado um marco a preceito para não dar o dito pelo feito.
E assim guarida assentida teve que lhes dar, ao Cavaleiro Andante, Dulcineia, Rocinante motorizado e Escudeiro (Panka).

















 Todos a gosto, se foram de festa, anfitrião incluído, aproximando da almejada fronteira num Rio que de um lado é de Onor, do outro Rihonor (de Castilla).
  
















E assim, introduzidos ao novo território pelo estalajadeiro, se apuraram em restabelecer forças para tão intrépidas missões, no horizonte os Anglo-Saxões.

Se cumprida a promessa, trazer o BoXis ou serem os primeiros a inaugurar o caminho marítimo-terrestre do Brexit, hão-de rumar a Santiago pelo caminho Franco a agradecer ao Santo, a bendição por tão nobre e conseguida missão.

E regressarão felizes e contentes à Mouraria, sem tais lá não esperar.

A estes intrépidos Cavaleiros Templários são lhes devidas honras e esperas.


A Fanfarra das Gafanhas que apronte suas armas, para lhes tocar uma gaitada. Que ao que consta este D. Quixote anda munido de seu Cavaquinho (não fosse ele lá dos Algarves...) e merece meças.

Obrigá-los a ir à Barra, não do Tribunal mas da mesa, para uma peixada, que de Beefs devem vir fartos.

Pois que conste e se espalhe pelo Reino, para que foutos andantes se aprontem para anunciada (mas não marcada...) espera.

Incluem-se fotos que documentam esta anunciada, e não autorizada, narrativa.

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Eu Celta Me Confesso

Em Miranda do Douro e em Sendim, 20 anos merecem festa.
Mais ainda quando a festa muda, para mais intimista, mantendo o sabor.

A abertura em Miranda, com grupo da Argentina, numa praça onde é sempre agradável estar.
E a boa abertura com os Gaiteiros das Terras de Miranda dão sempre um toque especial à festa.



E Sendim?
Paco Diez (e La Bazanca) são motivo suficiente.
Como repete, a solo, no dia seguinte, volto. E bem que volto.



À dupla Paco Diez - Jorge Lira segue-se Carlos Zíngaro - Manuel Guimarães.
E a tarde na Casa da Cultura de Sendim fecha com chave ou música de ouro: Adélia.


Nome de um duo multi-instrumental que homenageia as cantadeiras e assumiu como nome de grupo o nome de uma das mais conhecidas do Nordeste Transmontano: Ti Adélia, de Caçarelhos (Miranda).

Um dos elementos do duo Adélia também pinta, tão bem como canta.
 
Valeu a pena ser Celta em Sendim, pelos 20 anos.

 Pelo que foi e se seguirá.



Intercéltico de Sendim 2019 - Programa

sexta-feira, 3 de maio de 2019

No País dos Afectos: Cabo Verde


Agora seco, abrasado pelo sol e por uma inclemente ausência de precipitação, 2 anos sem chover.
Onde chega a rega gota-a-gota há pequenos pontos de um verde intenso, donde se percebe que a água mudaria a paisagem.

Num país de remediados, o contraste entre a urbe e o campo é, apesar de tudo, visível. A dureza da paisagem rural surpreende pela presença de pessoas onde se imaginaria impossível. No lugar mais remoto, no cume mais íngreme ("nha cutelo"), aí está uma casa, menor ou maior, para onde todos os materiais (bloco, telha, cimento, ..) foram carregados à cabeça ou de burro, onde é possível.

É um prodígio, uma determinação, viver onde se julgaria impossível. A que se acrescentam as encostas com mais de 45 graus de inclinação, onde o milho é cultivado e de onde, à cabeça, é retirado o grão e a palha, em grandes feixes. Caminhando pela encosta abaixo, muitas vezes descalços.

Uma realidade que nos está distante na memória, mas que alguns dos nossos avós, até pais, também viveram. Pelo menos no Nordeste agreste de Trás-Os-Montes, que alguma literatura vem tentando preservar, com J. Rentes de Carvalho e outros autores.


Breve Visita: 12 a 18 de Abril

Cidade Velha
https://qq0u.app.link/q7ai04TUjW

Mercados
https://qq0u.app.link/8c3eLcMVjW

Tarrafal
https://qq0u.app.link/n3LzCnZVjW

MAC
https://qq0u.app.link/BBhHR8bWjW

domingo, 28 de outubro de 2018

Bósnia 2018

Guião das Fotos:

A viagem começa a caminho do aeroporto de Madrid. Na auto-estrada, passando ao lado de um Mausoléu que guardava um ditador (Franco).
A Figura maior de uma Guerra Civil serve ironicamente e não intencional de ponto de partida para um país que foi dilacerado pela guerra civil mais sangrenta e mais recente na Europa.

[Este ano (Outubro de 2019) o ditador foi removido do mausoléu pelo PSOE, sob forte polémica e oposição de diversos sectores. A sua marca na política espanhola mantém-se, com os partidos à direita tímida ou declaradamente Franquistas.
80 anos após a guerra civil a paz está por fazer. A democracia vai andando, aos soluços.
Nos últimos 4 anos tiveram 4 eleições. E à data (2019) ainda não conseguiram entendimentos para formar um governo, com os resultados das últimas que decorreram a 10 de Novembro.]


O motivo da viagem: a conferência AgroSym decorreu numa estância de esqui, em Jahorina, a 35 km de Sarajevo.

Esta incluiu uma viagem de teleférico num dos intervalos de almoço e um dia de visita a Višegrad, que tem um parte (Andrićgrad) construída pelo músico e realizador de cinema Emir Kusturica, para ser cenário de um dos seus filmes.
Na cidade onde passa o rio Drina, que foi tema do escritor Ivo Andrić (Nobel da Literatura 1961), consta ainda ainda uma estátua ao famoso inventor Nikola Tesla.

Saraievo tem já muitos edifícios modernos, de hotéis ou bancos. Mas ainda persistem alguns na beira rio, voltados para as montanhas, com marcas de balas e obuses da guerra civil que fragmentou a antiga Jugoslávia, convertendo-a em vários estados, dos quais a Bósnia-Herzegovina é um deles.
Este, por ser o mais multi-étnico (católicos-croatas, ortodoxos-sérvios, muçulmanos-bósnios) foi onde os confrontos foram mais violentos e sangrentos.

O cerco a Saraievo durou 1425 dias, o mais longo da história da guerra moderna, mais do que os 900 dias de cerco a Leningrado (S. Petersburgo) na 2ª Guerra Mundial.

A cidade das 3 religiões, ou Jerusalém do Ocidente, tem mais para contar.
Voltarei aqui em 2019.

Fotos: https://link.shutterfly.com/7W9MRmzIH1

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Pelos Castelos de Portugal

Em viagem breve, alguns castelos de Portugal:
Algoso, Penas Roias, Mogadouro, Sabugal, Almourol, Castelo Novo, ...

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

No Encontro de Ciência e Tecnologia Portugal Nigéria

 (Para ampliar, clicar)

A viagem à Nigéria em 4 pequenos vídeos:
O Caminho, A Conferência, A Cidade, O Mercado

(Para ver em Full Screen clicar no canto inferior direito, após iniciar)
----------------------------------------------------------------------------

A CAMINHO DE ÁFRICA
Bragança - Lisboa - Frankfurt (Alemanha) - Adis Abeba (Etiópia) - Abuja (Nigéria).
E volta pelo mesmo trajecto.

A CONFERÊNCIA
Nigéria - Portugal

 VOLTA RÁPIDA PELA CAPITAL (Abuja)
A anterior capital era Lagos (nome dado pelos Portugueses).


VISITA AO MERCADO PARA TURISTAS
Não sei se escassos. Na altura éramos os únicos.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Sérvia, Belgrado

Distâncias milenares entre 2 mundos: nos trajes exibidos no cartaz e nos permitidos dentro.
Outdoor no passeio à entrada da maior igreja ortodoxa dos Balcãs.


E a igreja no seu esplendor.

Em Belgrado, uma cidade da Europa como qualquer outra, nos preços incluído.


Apesar das diferenças políticas e alguma memória recente.
Os edifício bombardeados pela NATO, em 1999, na principal avenida da cidade, preservados como uma memória viva de uma guerra recente. E só agora timidamente a ser reconstruidos ou oculto por cartaz gigante.


Faixas frente ao Parlamento.
E uma, entre muitas, livraria magnífica:


sábado, 21 de agosto de 2010

Voar, Bragança-Lisboa

Vôo de baixa altitude, que permite desfrutar das vistas. Sobretudo no verão.

Eolos Via Crucis














Mar da Paz














Vale dos Deuses















Lx Capital da República

sábado, 7 de agosto de 2010

Sesimbra... sem fibra

Praia bela, em que sobra gente.
Sobram carros. Sobram casas.
Um completo caos urbanístico.


Um retrato de (quase) todo o litoral.
Selvaticamente predado.

Há também um Castelo. Com uma bela e longa muralha.
Mas totalmente descuidado. Onde numa borda interior implantaram um cemitério recente. Um lote de terreno encostado a uma das muralhas, rodeado com rede de galinheiro. Surreal.

Vista superior sobre a baía. Absolutamente sub-aproveitada. Cafetaria com funcionários que não atendem. Núcleos Museológicos fechados. Placas sinaléticas ilegíveis. Portas de muralha que fecham cedo. E porta principal recente, abrindo um rombo descuidado e desnecessário na muralha, que tira continuidade a esta a quem queira caminhar sobre ela. Tal como na zona onde está o cemitério com rede de galinheiro...

Enfim, a ver. Mas não a repetir.















(Num sábado com estadia não prevista em Lx, valeu a generosidade e amabilidade de quem me levou a este passeio/praia. Bem haja.)

domingo, 11 de abril de 2010

sábado, 29 de agosto de 2009

Léon, mi impresión

Entrei, embora não saiba por onde. Buscando parking com mapa, 4 vezes, 4, voltei ao ponto de partida. Já enfadado olvido o mapa e sigo os sentidos. E chego, evitando um arrumador de circunstância.
Após atravessar a desértica castilla-y-león, via Astorga, sabe bem encontrar uma urbe. E vejo, 3 librerías em lugares bem centrais, o ateneo republicano Manuel Azaña, em país monárquico, ... Óptimo augúrio.
Ruas largas. Cidade plana. Bastante gente de bici.
Hoje, subi aos vitrais. Entrei no Palácio de Gaudi. Espreitei uma livraria. E umas quantas montras. Bons livros, baratos. Bons produtos, baratos. Comer no centro turístico é também barato. Não bom, que em Espanha se come pior.
Amanhã vou de compras e espreito a noite. Não antes sem ver a Universidade e bibliotecas e, claro, o MUSAC.
Buenas noches!































27.28.AGO.09
------------------------------------------------

ASTORGA

Diz-se que “Zamora não se toma numa hora”. Mas Astorga sim.
Passagem inevitável para muitos peregrinos na rota de Santiago, o Caminho de Léon, os dois monumentos dignos de nota, a Catedral e o Palácio de Gaudi, são uma espécie de galinha de ovos de ouro que a envolvente sub-aproveita.










26.AGO.09

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Vila Real, Vila

Após quase uma década, saí em 2000, a Vila continua milimetricamente igual. A Gomes, onde se comentam as novidades e se comem os típicos “covilhetes”. As mesmas pensões manhosas e uns quantos cafés que fazem de restaurantes. Ao que lhe acrescentaram um shopping, um teatro municipal e um novo museu. E um início de renovação junto ao rio.
Não é bairrismo, que não o sou, mas talvez só dentro de 10 a 15 anos o coração da cidade tenha alcançado a renovação urbanística de Bragança. E o que de facto é pena é que a cosmopolita Chaves não seja a capital desse distrito. E até da província trás-os-montes. Com a sua proximidade ao país vizinho traria também mais dinamismo à região.

18.19.AGO.09, V. Real e Chaves



Vila Real, vista para o rio Corgo Chaves, Paço do Município

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Lisboa & Coimbra

Coimbra em Alta

Cedo, sábado, Agosto e de chuva. A Alta deserta. Reservada a pontuais turistas. E invadida por figurantes estáticos, da revolta estudantil dos anos 60, frente às Matemáticas e ao longo da escadaria monumental. O Pátio frente à Cabra é aproveitado para recordar outras insurgências: a Sociedade do Raio (de Antero de Quental e Alberto Sampaio); a Tomatada; a revolta pré-república; …

Coimbra uma lição. Coimbra uma con-tradição, contra a tradição.
Uma lição que faz falta. Muita falta!

2.AGO.09



















Voltando a Lisboa

Retenho, uma cidade africana. Pois, Rabat é a capital mais próxima.
Uma cidade desigual, capital de um país desigual. Cidade com ilhas de opulência, no meio da mediania e da abundante indigência. Nalguns bairros de moda, ruas estreitas de passeios mais estreitos. O peão tem poucos espaços exclusivos. Nestes 20 anos talvez tenha adquirido espaços qualificados, mas que são pouco visíveis. A quantidade de gente no shopping às 23h deixa antever os locais onde se refugiam, de uma cidade que à noite é tomada por sombras.

1.AGO.09


Vôo regional Bragança - Lisboa Casa dos Bicos, em bairro degradado Frente Tejo

sábado, 13 de setembro de 2008

Viajar, aqui tão perto!

A velhíssima Castilha está aqui. Aldeias quase abandonadas. Muitas casas humildes e ainda em argamassa de palha e barro. Igrejas com tapumes, que deixaram de ter uso. Cinemas que já tiveram os seus dias de glória. Painel, ao lado de um burro, prometendo uma rede regional de estradas, que atravessará uma região agora demograficamente deserta. E, no contraste com este abandono, a abundância de algumas hortas solares (campos de painéis fotovoltaicos).

Nas lagunas de Villafafila, parque natural, nesta altura escasseia a água. A observação de aves é reduzida ou apenas possível num painel!…

-- clicar para ampliar --


Parque Natural de Villafafila - Zamora

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Onde Vão Morrer as Enciclopédias

Memórias póstumas. Memórias posteriores.

Só o tempo e a distância permitem transpor para o papel aquilo que este dificilmente poderá transmitir.

Quando entrei, de urgência, no H.D.B. com uma intensa dor e após estabilizado, perguntei-me: o que faço agora aqui, sem um pedaço de papel para os meus rabiscos. Sem um pedaço de livro para ler. Aqui seria um excelente sítio para existir uma biblioteca. Enganava-me, redondamente.

As enciclopédias, vivas, com quem tive o prazer (no meio da dor!) partilhar o espaço, lembraram-me o que já sabia. Que uma vida vivida contém mais saber do que uma volumosa enciclopédia.

O Sr. Armando, com origens em Bragança a residir em Stº Antº Cavaleiros, reformado da Soponata, a extinta Socidade Portuguesa de Navios e Tanques, homem polido e mundo-viajante, com quem aprendi os detalhes técnicos dos grandes e modernos navios petroleiros e as diferenças entre Crude e Brent.

Transferido para outra secção, onde estive mais 7 dias, à minha direita o Sr. Vilela, que entrou à meia noite de um sábado agarrado a uma bolsa de sangue.
Com aspecto de um general eslavo, percebia-se contudo a sua condição humilde. Não obstante, como escrevia Alexandre Soljienitsin nas memória do seu Gulag, “quando privas alguém de tudo ele volta a ser inteiramente livre”. E este senhor, apesar da avançada idade e débil condição física, não permitia que enfermeiros e auxiliares o tratassem de forma menos correcta. Exigia o que era justo, e era atendido. Também, apesar de débil e em sofrimento, não perdia o fino sentido de humor, quando lhe perguntavam se já não fumava: “Não, não fumo desde que entrei aqui!”.
Bracarense de nascimento e ainda de sotaque, apesar de 40 anos em Bragança, e com uma memória da cidade que já não existe.

Outro fumador inveterado e irreversível, mas também abstémio apenas desde que entrou aqui, o Sr. João Rio, apesar de ter sofrido uma embolia cerebral que lhe custou algum tempo em coma e vários meses de recuperação, e agora o “apodrecimento” de uma artéria que quase lhe custa uma perna, garante que não vai deixar de fumar.
É pena, bom companheiro!

À minha esquerda, o Sr. João Pedro de Dine, ex-bancário, aficionado caçador nocturno de Javalis (num Agosto terá ido à cama apenas uma noite), e uma luta corpo a corpo custou-lhe algumas marcas numa perna. Um homem grande, em tamanho e personalidade. Um excelente conversador e contador de histórias reais. Das suas viagens pelo Portugal de lés-a-lés no transporte de valores, ao tempo em que as carrinhas blindadas ainda não existiam, munido apenas com o seu “canivete”, como lhe chamava à 6’35. E que agora utiliza, ou utilizava, “porque as pernas já não ajudam”, nos enfrentamentos com a caça nocturna.


Registo e partilho no éter uma brevíssima referência a estas enciclopédias vivas. A quem desejo a melhor saúde e uma longa vida.


“Viagem” de 9 dias no H.D.B. – Hospital Distrital de Bragança
4 a 12 Ago.2008

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Eu Galego me confesso

«O único bo que teñen as fronteiras son os pasos clandestinos. É tremendo o que pode facer unha liña imaxinaria trazada un día no leito por un rei chocho ou debuxada na mesa por poderosos como quen xoga un poker. (…) Pero, por sorte, esta fronteira irá esvaéndose no seu propio absurdo. As fronteiras de verdade son aquelas que manteñen aos pobres apartados do pastel.»

Manuel RIVAS – O lapis do carpinteiro, 6ªed. Vigo (Galiza), Xerais, 1998, p. 12-13


GOSTO: Dos Galegos/as. Da sua hospitalidade. Do seu falar, suave.

NÃO GOSTO: Do provincianismo, transformado (politicamente) em nacionalismo.


***************************************
Quero que o meu poema fale de barcos e de azul, fale
do mar e do corpo que o procura, fale de pássaros e
do céu em que habitam
.

“A matéria do poema”, Nuno Júdice (D. Quixote, Abril 2008)




******************************************
13.Xullo
Paçó – Xinzio de Limia – Ourense – Noia
(12H ---- 18H)

Após voltas, e algumas voltas atrás, não foi difícil chegar a NOIA, evitando as auto-estradas. O que me permite ver mais localidades. Com nomes curiosos: O Reino; Boimorto; Xinzio de Limia; Lalin; … E muitos, muitos nomes iguais aos de Portugal.

Em Noia, Hostal Valadares, na Rua Egas Moniz (Premio Nobel Português) [a placa de rua tem tudo isto escrito]. Impecavelmente limpo, barato, bem situado. Bom, para quem veio sem pré-reserva. O difícil aqui agora, a esta hora, é encontrar onde jantar.
Vaya hambre!



*****************************************
14.Xullo

Casa de Cultura do Concello de Noia
Curso de Verán da Univ Santiago de Compostela
“El Radón y sus riesgos para la salud”, 14 – 18 Xulio

Muito interessante. Uma das intervenientes é médica (galega) na ARS Braga e doutorada na matéria.

Hoje NOIA, cantos recantos.

E, já que estou aqui ao lado, amanhã talvez FINISTERRA
… onde o mundo/terra acabava.
Ou assim diziam.

------
NOIA – porto de mar de Santiago de Compostela. Minúscula vila de veraneio. Por tal, com uma frente de mar de cimento/edifícios, aguardando os turistas de Agosto. E os de Sábado/Domingo.


FINISTERRA – Fisterra, dizem os galegos. Na Costa da Morte. Onde acaba a terra e começa o “mar tenebrosus”.
RÁDON – inodoro, insípido, invisível. Responsável por mais de 50% da radiação (natural) de fundo. A OMS prometeu para 2008 o relatório do IRP – International Radon Project (iniciado em 2005), com resultados mundiais consensuais sob este “assassino invisível". Talvez aí o tema salte para a imprensa. Porque não tem sentido apontar o dedo a outras fontes de radiação/radioactividade, quando há este “fundo” natural. Chamam-lhe natural, mas os efeitos da radiação não distingue origem…


Bom, aqui o “paisano” do Cyber avisa-me que vai a Pechar! (com P!). Em castelhano seria Cerrar. Em Português, Fechar.
Dizem-no com a nossa pronúncia, suave. E não com a do agreste castelhano. Por isso se torna ainda mais engraçado.

Me voy, que vai a “pechar”!

E, dizem os galegos, Boas noites!

*****************************************
15.Xullo
FISTERRA ou FINISTERRA

Noia --- Finisterra, i/v = 2 x 80 km (2 x 2h)

Valeu a pena. Em simultâneo a lua, à esquerda, e o sol, à direita.

Uma pequena multidão de “adoradores do pôr-do-sol”, partilhando botellas de vinho, pendurados nos recantos da falésia.
Não será o lugar mais seguro para tal. Mas enfim, se não virem o sol, por razões etílicas, sempre poderão ver o mar… (isto não é humor negro, é mera constatação do perigo observado).

Fisterra, dizem os galegos. Na Costa da Morte. Onde acaba a terra e começa o “mar tenebrosus”.




*****************************************
16.Xullo

SANTIAGO DE COMPOSTELA

Tapas e pequena volta nos lugares de postal.

Está bem, mas não me seduz. Falta ir com mais tempo, ver a outra e real Santiago. Que isto de santos…
Com esta, é a 3ª vez que estou aqui, mas sempre de rápida passagem.


A CORUÑA

Que cidade!
Moderna, limpa, organizada, arejada.
Por aqui há esplendor e vitalidade.
Voltarei certamente.


****************************************
17.Xullo

Abre a FEIRA DO LIVRO DE NOIA

Ora, estou no meu “métier”. Livros. Livros.
Em castelhano, galego e português.
Saramago, Pessoa, Zink, Esteves Cardoso, Cesariny, Eça, Camões e… Margarida Mouta.

M. Mouta foi colega em Timor, na minha 1ª missão.
Escreveu um pequeno livro na Porto Editora, como bem falar em Português.
Fica bem aqui, na Galiza. Aliás, ficam bem todos aqui. Sobretudo hoje, que vem cá o papa do nacionalismo galego fazer um comício. O líder do BNG – Bloque Nacional Galego, Anxo Quintana.

A presença dos livros portugueses aqui é um efeito colateral do nacionalismo. Mas tenho dúvidas que tenham quota de mercado. Ficam bem, é certo.

E, na verdade, nem na mega-feira do livro de Madrid se encontram tantos, como na desta pequena vila de 15 mil habitantes. E digo-o a sério, porque já fui várias vezes (espero ir mais) à Feira do Livro de Madrid.


FOLCLORE NACIONALISTA

Abre a apresentação (ou representação, como se queira) a conselheira da Cultura do Concello de Noia (eleita pelo BNG), com quem não me gostaria de cruzar de dia, mas sobretudo à noite! Que me desculpem as mulheres, que o são de verdade. Com o devido respeito ao ser humano (cada um é como é), eu seu, eu sei, que o que vai por fora não vai por dentro. Mas temos olhos, é para ver/apreciar. E, no caso, exterior e interior creio que coincidem. Estes/estas nacionalistas têm uma pinta…

Segue-se e toma a palavra a deputada na capital em Santiago, a ideóloga. Que lembra as razões e fundações do país. País, aqui, é Galiza. Segundo ela/eles.
Aquece as hostes, antes da intervenção do líder, e convida para as festas do 25 de Xulio, dia nacional, em Santiago.

O líder do BNG, Anxo Quintana (que de anjo nem pintado) verte, num discurso pobre, 2 ou 3 ideias.

- Vão facer lexislaçon sobre os ventos. Estes, os ventos entenda-se, serão taxados ao passar na Galiza. Isto para sacar participação nos lucros da Iberdrola.

[O BNG participa em coligação com o PSdeG no governo regional. Após 30 anos de Fraga Iribarne, do PPdeG - Fraga, foi um Franquista dos 4 costados que transitou para a democracia. Dizia, sobre a sua possível demissão/retirada, os toureiros morrem na praça! Pelos vistos não foi preciso].
- Querem facer as estradas (ou disse carreteras?, que é em castelhano. Não me lembro), porque, segundo Anxo, Espanha tem 60.000 aldeas (ou disse pueblos?), dos quais 35.000 estão na Galiza. Portanto, querem para aqui essa competência.

- Vão retirar o solo às imobiliárias falidas, agora em crise, para fazer casas a custo controlado. Não explicou como expropria as empresas falidas. Também, político não precisa explicar. E expropriar “mortos/as” também não deve ser difícil…

Resume-se a isto, o discurso de uma hora. Em que, como um robô, girava enquanto falava, ora para a direita ora para a esquerda, no auditório do coliseu de Noia.

Terminou dizendo que os quer a todos dia 25 de Xulio em Santiago, para berraren (sic) quantos son.

Um nota ao marketing:
A estrela vermelha de 5 pontas comum aos trotskistas da quarta internacional diminuiu. É diminuta. Na mão de uma criança aparece agora uma grande estrela azul claro de céu ou cor azul de céu com nuvens.

A isto não é indiferente as palavras nos jornais regionais justamente de hoje do líder da bancada parlamentar do BNG em Santiago. Que dizia, tal qual, existir uma transferência de votos do PPdeG para o BNG.
Ora, os extremos tocam-se (ou trocam-se?). E as cores também. Pelo menos na política.

(Grafiti na Rúa Cega, em Noia. O Nacionalismo é um caminho cego...)
*******************************************
18.Xullo
BON VIAXE!
Boa Viagem!

O curso, intensivo, termina com uma polémica entre um Físico catedrático da USC e o catedrático de Física Médica da U Cantábria, L. Quindós.
O primeiro entende que se saírem normas para a edificação relativas ao gás Rádão, metade das casas da Galiza fecham.
O segundo, Quindós, que leva 25 anos trabalhando o tema, considera a afirmação “uma loucura”. Porque, sublinha e realça, o que conta não é a concentração (Bq/m3) mas a dose (Sievert = Concentração x Tempo de exposição).
Luís Quindós e Xoán Barros (director deste curso) são as vozes autorizadas de Espanha no IRP – International Radon Project da OMS. No qual Portugal não está presente!...

Na tentativa de encontrar um atalho para a auto-via, acabo por me meter pela Galiza profunda. E deixo-me ir. Profundamente.
Este é outro mundo. Outras estradas. Provavelmente outras gentes. Porque, como dizia Miguel Torga, as paisagens moldam as gentes.

Há muitas aldeas (em galego) que têm nome igual em Portugal, sem tirar nem pôr.

Logo neste primeiro atalho na tentativa de ir de NOIA a PADRÓN (a terra dos pimientos com o mesmo nome, como me lembrou uma colega de curso, muy simpática e autóctone, num dos intervalos do café da manhã. -- Não, não tirem o Freud da gaveta. Não fui por este atalho por ela… -- ), dizia, neste atalho havia uma aldeia com um nome curiosíssimo, EXTRAMUNDI. Assim, tal qual.
Chegado a Padrón, devagarinho, tinha agora a a autovia de guardia (AG-9) (em castelhano, autovia de peaje, AP-9), para chegar a Pontevedra.
Mas, a nacional é tão direita quanto a outra. Portanto, em frente, pela nacional, direcção OURENSE (em castelhano Orense. Nas matrículas dos carros há, havia, esta dupla representação: OU-12345-… OR-6789-…).
Em PONTEVEDRA, tentando adivinhar o que estaria numa placa de rotunda semi-destruída, virei à esquerda. Lá não estava Ourense, mas supus, mal!
E a Autovia das Rias Baixas (em galego. Em castelhano, Rias Bajas), continuava a fugir-me. Lá estava eu de novo numa estrada nacional, como as nossas antigas. Com os seus locais de paragem com árvores, com o fontanário, …
E até Ourense, 60 e tantos km. Pois vamos, que se há-de fazer. Que se tem de fazer!

Muitos nomes de aldeias, mesmo muitos. Um deles. TRASDOMONTE.
Dizia o líder do BNG, no comício de ontem, que a Galiza (em galego. Em castelhano Galicia) tem 35 mil das 60 mil aldeias de Espanha. 35 mil!

Dando curvas e fazendo contas, penso. Um ano tem 365 dias. Para as visitar todas haveria que fazer 100 por dia. 100 por dia!
De facto, gerir este território humano exige outra especificidade. Mas não certamente auto-estradas até cada uma delas, como se subentendia nas palavras do comício de ontem do BNG.
Se aqui não faltam é novas vias em construção, por onde quer que se passe. Vê-se troços de obras de auto-vias e do AVE (o comboio de alta velocidade).

A sinalética em Orense é pobre. Não é fácil sair da Galiza. Bom, também na ida já não tinha sido fácil entrar. Se entras não sais, se sais não entras. Ou vice-versa!

Cabe aqui a curiosidade de que só no dia em que fui a Finisterra (fim da terra/ fim da Galiza) me entrou uma mensagem de boas vindas a Espanha no meu telemóvel, e já levava 3 dias na dita.
O nacionalismo tem detalhes a que não escapam as operadoras telefónicas.
Aqui, onde vivo, frente a Castilla-y-Léon, mal me salta a rede espanhola, zás! Uma mensagem de boas vindas. Está o senhor em território espanhol, e ainda nem sequer lá pus os pés.

Acompanha-me na viaxe a RÁDIO GALEGA. Falam de festas e comidas. Alguns intervenientes mordem a língua para corrigir de Pulpo (em castelhano) para Polvo (em galego). Ao final acabam por fazer uma salada!...

Noutro apontamento intervém a directora/funcionária de um colégio católico de Santiago. Para falar no número de Nenos e Nenas (em galego. Em castelhano, Niños e Niñas) no seu colégio.
Para além de Galegos há do Estado Espanhol (assim o disse), da Alemanha, da Hungria,…
Do Estado Espanhol?!... Nem os da igreja, mais colados à direita, escapam aos tiques e dizeres dos nacionalistas. Que aqui se pintam de esquerdas.

Portugal, Açores, Lisboa, e Música Portuguesa enchem a Rádio Galega (por falta de produção cultural própria? Ou por empatia?).
Mas, aos portugueses este fenómeno passa-lhe completamente ao lado. Excepto uma minoria, que ganhará com isso. A presença das gasolineiras da GALP é constante. Na Feira do Livro de Noia o número de livros portugueses é muito significativo… ainda que eu desconfie de que ninguém os compre. Estão porque ficam bem…


«O único bo que teñen as fronteiras son os pasos clandestinos. É tremendo o que pode facer unha liña imaxinaria trazada un día no leito por un rei chocho ou debuxada na mesa por poderosos como quen xoga un poker. (…) Pero, por sorte, esta fronteira irá esvaéndose no seu propio absurdo. As fronteiras de verdade son aquelas que manteñen aos pobres apartados do pastel.»

Manuel RIVAS – O lapis do carpinteiro, 6ªed. Vigo (Galiza), Xerais, 1998, p. 12-13


GOSTO: Dos Galegos/as. Da sua hospitalidade. Do seu falar, suave.

NÃO GOSTO: Do provincianismo, transformado (politicamente) em nacionalismo.